Ela veio em criança pro Brasil, não? Ou ela veio quando era criança?
Putz, agora já nem sei qual termo que se usa. Porque, quando era criança, todo mundo entende, já, em criança, parece muito literato, sei lá, falso, que aquele que nem pensa nisso, aquele que fala quando era criança, espontaneamente, num entendimento que, se pá, nem saiba (se uso sabia parece que ele se deu conta da função), que, se pá, nem saiba que tenha esse entendimento, que isso, isso pra ele é in-te-lec-tu-al. Sabe, jeito de intelectual falar (ou, jeito intelectual de falar)?
Sabe que não sei mais de (de mais) nada, porque, afinal, se se está escrevendo, usa-se:
Pensando bem, o Bandeira era um poeta, ele pode. Que pretensão a minha, me atrever a escrever assim, fora das normas. Esse texto está condenado ao esquecimento, dessa forma: não é poema e nem está escrito dentro das normas. Onde é que já se viu uma coisa dessas?
Se tu só verbalizar a resposta, aquela resposta pronta pras coisas, fica fácil. Tipo “isso sempre foi assim, desde que o mundo é o mundo, o poeta pode, os outros não!” ou tipo “essa é a lei e pronto!”. Agora, se tu titubear pra responder, já era, mano.
Bah, brother, essa pergunta envolve muita coisa. Tem toda uma noção de justiça e visão da justiça. Me lembra(-me) um conto do Kafka,
Tem um poeta pernambucano que, num disco, porque também canta-dança-batemacumbaê, disse: sou obrigado a dar um dois, tribuna mestre não prende por isso. Esse cara é o Otto, e sei que ele gosta muito dos escritos do Kafka, que a essas alturas, pra mim, já é da mesma aldeia da Clarice Lispector.
“Faça o que tu queres, pois é tudo da lei.” Raul Seixas, amigo do Paulo Coelho.
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