terça-feira, 1 de setembro de 2009

marcha rancho

"Se hoje eu posso consumir então eu sou cidadão, amanhã senão eu sou marginal.”
Max de Castro, aguçado observador do cotidiano social brasileiro, além de herdeiro da negritude e cultura mais sensível fluminense, assim sentenciou em Orquestra Klaxon.
Isso me lembra a democracia no seu início, a grega. Aprendi nas aulas de história que quem era cidadão em Atenas eram os atenienses puros, legítimos descendentes dos patrícios seus pais latifundiários (acho q patrício já é de Roma, mas não vem ao caso), e eles somavam, no máximo, 10% da população, estando de lado os escravos e imigrantes.
Em século vinte e um, no Brasil, se dá algo parecido. Segurança só mediante pagamento à máfia, via empresas privadas de ronda e monitoramento. Hospitais e postos de saúde sem condições de acompanhamento adequado para uma vida sadia. Educação decente e preparativa, somente, em escolas particulares. Aí até se pode dizer que as universidades federais são as melhores, e realmente são, mas, quem são os alunos nos cursos mais concorridos?, senão os de maior poder aquisitivo. Poderia discorrer sobre outras áreas de serviço estatal insatisfatórias, como as condições de transporte (não perderei a linha do tempo), mas acho que já basta.
Muito me admira o fato de a elite cidadã e possuidora de condições ser formada, diferente da Atenas antiga, de indivíduos provenientes de múltiplas veias sociais. Burgueses emergentes não faltam. Esses me comovem, pois são descendentes daqueles mesmos sem direito ou condições alguma de dignidade e, ainda assim, se mostram os mais arredios e protecionistas do status quo.
Porém Max não pára por aí..., a marcha dessa história não vai pro rancho, pois, como dizia Jorge Ben, eu quero ver quando zumbi chegar, o que vai acontecer...

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